Os extraterrestres anões
Imagem retirada do site: http://baobablibros.blogspot.com.br/2010/10/abrazos-con-pupi-blog.html
Quando
nos tornamos pais, de uma forma inexplicável acabamos por ser abduzidos por extraterrestres
anões, os quais fazem uma lavagem cerebral, modificam nosso dia a dia de tal
forma que nos perdemos em meio ao que nos tornamos depois dessa abdução, pelo
menos é assim que me sinto às vezes.
Sei
que para alguns pais esse meu comentário pode parecer estranho, admiro as
pessoas que conseguem ter filhos e manter a vida que levavam antes deles, se é
que existe alguém que conseguiu essa façanha de forma literal.
Eu
tinha tempo para fazer caminhadas, falar com as amigas, trabalhar, estudar, passava
horas no banheiro e etc., agora, mal tenho tempo de trocar de roupa, vou ao
banheiro sempre de porta aberta e conversando com alguém e se conseguir
permanecer lá por mais de cinco minutos, posso me sentir privilegiada. Quando
eles eram menores, a coisa era pior, além de não ter tempo nem para comer e de
minhas refeições serem compostas por “restos de papinhas”, pelo menos na maior
parte das vezes, minhas noites de sono eram quase inexistentes, hora por falta
de sono temporária das crianças, hora por febres e viroses repentinas.
Mas
como diria a minha mãe: “ser mãe é padecer no paraíso”, não entendia muito bem
essa frase até ser mãe, e não estou reclamando, embora pareça. Adoro ser mãe,
mas que a verdade seja dita: você não sabia que ia ser assim, sabia?
Fora
os medos. Medo sim, porque é exatamente isso que a gente sente: medo!
O mundo
se torna um lugar perigoso depois que temos filhos, o engraçado é que quando éramos
adolescentes, tínhamos sempre frases prontas como : “mãe se tiver que morrer,
morro aqui ou na rua”, “Mãe aquele brinquedo é o máximo, vira de ponta cabeça e
te joga lá em cima, não tem perigo”.
E
de repente você olha para o mesmo brinquedo e pensa “meu filho não vai subir
nisso”, ou “se tiver que morrer que morra dentro de casa comigo”, não é?
È claro
que tem pais que passam por essas neuroses muito bem, ou melhor, nem passam, ou
não demonstram, conheço alguns pais que aparentam uma tranqüilidade, um equilíbrio
fora do comum, queria ser assim, juro, mas neurose é meu segundo nome depois
que fui mãe.
Voltando
ao cotidiano e aos extraterrestres anões, esses dias estava em casa com meus
dois filhos, uma menina de sete e um menino de três anos, de férias, assistindo
televisão, um dos muitos filmes de desenho infantil que fazem parte da minha
coleção de “experiências como mãe”, às vezes eles estão dormindo e mudando de
canal, acabo deixando em algum desenho, força do hábito, mas enfim, levantei
para ir ao banheiro, até porque cada um estava deitado em cima de um dos meus
braços e eles já estavam formigando, precisava dar um tempo para eles, ai
ocorreu o seguinte diálogo:
- Onde você vai? - minha filha de sete anos me
perguntou.
- Ao banheiro. – respondi tranquilamente.
- Fazer o que? – esqueci desse detalhe, nós
pais, aprendemos que temos que dar satisfação até para ir ao banheiro.
- Vou ao banheiro. – respondi com um ar de
riso.
- Fazer o número um ou o número dois? – isso é
uma das coisas que fazemos também, damos nomes alternativos a coisas, ações e
pessoas.
- Vou fazer o número um.
- Mas justo agora, a menina vai descobrir que
ela é a princesa! – nós já havíamos assistido aquele desenho mais de três vezes.
- Vou rapidinho e já volto. – respondi e fui.
Nem
bem sentei na privada e já escutei:
- Mãe, traz água pra mim e eu to com fome.
Pensei
comigo: não faz nem meia hora que essa menina almoçou, até deixou comida no
prato porque estava cheia.
- Mãe, eu também to com fome e quero ir no
banheiro. – o menor de três anos gritou.
...
é, foi mais um xixi rápido e uma parada
pro lanchinho, não para comer, mas para fazer.

0 comentários:
Postar um comentário